terça-feira, 24 de maio de 2011

progestão Um novo olhar sobre a escola – Módulos VII VIII e IX.


3.1 Um novo olhar sobre a escola – Módulos VII VIII e IX.

A partir do programa ficou explicito que formar pessoas é sem dúvida nenhuma, a mais importante das tarefas dentro ou fora da escola. Em razão disso, o Ministério da Educação tem trabalhado com objetivo de garantir uma educação de qualidade para todos. A partir das diretrizes e democratização do acesso e garantia a permanência em todos os níveis de ensino, qualidade social na educação e democratização da gestão. Nesse sentido, o MEC mantém programas de recursos financeiros que consistem na contribuição, manutenção e melhoria da infra-estrutura física e pedagógica das instituições de ensino reforçando a autonomia gerencial e participação social elevando a qualidade do ensino.
Diante da análise do contexto educacional, percebe-se que o professor é um profissional que deve estar preparado para orientar seus alunos. Por outro lado o gestor da escola, o pessoal da área técnica e administrativa, também necessita estar hábil para prestar apoio necessário que viabilize este processo, contribuindo para o ensino e a aprendizagem dos alunos e para um ensino de qualidade. Para isso ser uma realidade é necessário também fiscalizar os bens da escola, pois o patrimônio público na realidade material e imaterial da escola pertence à comunidade e nela cumpre a sua função social especifica de ensino e aprendizagem. Essas funções, porém, não se esgotam em si mesmas.
Para uma boa organização da escola é necessário um planejamento. O mesmo consiste numa atividade de revisão da ação a ser realizada, implicando a definição de necessidades a entender e atingir os objetivos dentro das possibilidades de procedimentos e recursos a serem empregados, tempo de execução e forma de avaliação. Embora as instituições e organizações sociais precisem formular objetivos, ter um plano de ação, meios de uma execução de avaliação da qualidade do trabalho que realizam. Por isso o planejamento se concretizou em planos, projetos tanto da escola e do currículo quanto do ensino. Um planejamento é eficaz, ele precisa ser coletivo, ou seja, inclui a participação de todos os indivíduos dentro de suas atribuições. O planejamento caracteriza-se, desta forma como um processo ininterrupto de planejar, acompanhar, avaliar, replanejar.
Cabe lembrar que todo processo de planejamento participativo tem por função transformar uma dada realidade. Espera-se que, com a implementação do mesmo, ocorram mudanças políticas, pedagógicas e administrativas na realidade escolar, pois, de outra forma, o planejamento não passa de mera formalidade legal do sistema educacional.
A escola necessita formular objetivos, tendo como referência as suas necessidades e em articulação com o projeto político-educacional do sistema de ensino do qual faz parte. É necessário que a escola elabore planos de trabalho ou planos de ação onde são definidos seus objetivos e sistematizados os meios para a sua execução bem como os critérios de avaliação da qualidade do trabalho que realiza. Sem planejamento, as ações dos diversos atores da escola irão ocorrer ao sabor das circunstâncias, com base no improviso ou na reprodução mecânica de planos anteriores e sem avaliar os resultados do trabalho.
Entretanto, ao gestor ou diretor da escola, cabe planejar, coordenar, controlar e avaliar os processos e atividades que se desenvolvem na escola, verificando os resultados alcançados. Para tanto, é necessário ter a habilidade de integrar e motivar toda a equipe para garantir o êxito de tais processos. Isso significa que a liderança exercida pelo gestor irá influenciar na condução dos processos de trabalho e, conseqüentemente, nos resultados esperados para a escola.
Então é imprescindível não esquecer que o planejamento e a avaliação devem ser realizados em fina sintonia com os preceitos da gestão democrática. Para tanto, é primordial que se conheça a cultura organizacional da unidade escolar, constituída do conjunto de valores, princípios, crenças e símbolos sobre os quais todo o trabalho educativo está assentado. Somente conhecendo as formas como a escola pensa e reage será possível consolidar o processo de autonomia e de planejamento da mesma.
A conquista da autonomia na escola é um tema cuja importância mostra-se crescente, refletindo uma tendência mundial encontrada na dinâmica das modernas organizações públicas ou privada. Sua aceitação implica uma ruptura no modo tradicional de compreender e atuar na realidade. A autonomia impõe um novo padrão de política, planejamento e gestão educacionais, tanto do ponto de vista da escola como dos sistemas de ensino.
            Por isso, a autonomia da escola está na capacidade de elaboração e realização de um projeto educativo próprio em benefício dos alunos e com a participação de todos os intervenientes no processo educativo. O objetivo da autonomia é a busca da qualidade com equidade enquanto meta e o fortalecimento da escola enquanto meio, valorizando os agentes pedagógicos que atuam nas escolas e cobrando-lhes, diretamente, o compromisso ético-profissional de servir ao público em matéria de educação.
            E necessário ressaltar que, a autonomia é a possibilidade e a capacidade da escola elaborar e programar um projeto político-pedagógico que seja relevante à comunidade e à sociedade a que serve. Pois a mesma não é mera descentralização administrativa, mas uma forma de delegação que se liga à temática da liberdade, da democracia e do pluralismo. Com ela, uma escola poderá ter uma estrutura completamente diferenciada de outras, flexibilidade de contratação e alocação de pessoal, uma base financeira que lhe dê condições de agir independentemente e, principalmente, poderá definir seu projeto político-pedagógico.
SUZANA GUIMARÃES DE O. MOTTA



progestão As dimensões administrativas, pedagógica e financeira da escola- Módulos III, IV e VI


SUZANA GUIMARÃES DE O. MOTTA

Garantir a aprendizagem de todos é a meta da escola e a Gestão Democrática onde a família e a comunidade local fazem parte desse processo, é um dos princípios fundamentais para que isso se concretize. Em algumas escolas a comunidade escolar participa ativamente das decisões administrativas, pedagógicas e financeiras. Outras caminham devagar, ainda não conseguem trazer os pais para dentro da escola e nem mesmo ouvir os professores.
Na escola o gestor deve usar como princípio administrativo a Gestão Democrática, o PPP que deve ser elaborado com ampla participação da comunidade escolar. A prestação de contas dos recursos da escola deve ser realizada periodicamente e todos têm que ter acesso a esta documentação em que o gestor estimulará a participação da comunidade no planejamento das ações futuras da escola e sua execução também.
A Gestão Democrática do ensino público está consolidada em leis federais, estaduais e municipais, mas, nós brasileiros, ainda temos muito a aprender como cidadãos, isso parece ser fundamental para que busquemos nossos direitos, sejam eles de participar das decisões, obter informações, saber da prestação de contas e das propostas da escola de nossos filhos ou da escola em que atuamos, mais do que um direito isto é uma responsabilidade de todos nós.
Nesse processo de democratização, entende-se que o gestor deve fazer uma re-leitura de suas atribuições, a fim de rever algumas atitudes equivocadas no trato educativo e, assim, traçar metas compatíveis com um ensino que esteja voltado ao desenvolvimento pleno das competências dos educandos. Dessa forma, é imprescindível que essa auto- avaliação sirva de embasamento para subsidiar sua atuação no sentido de partilhar saberes e poderes, uma vez que reconceituando sua prática, haverá conseqüentemente, o redimensionamento de uma gestão que concebia sua atuação no autoritarismo. Pois a autonomia da escola é, um exercício de democratização de um espaço público delegando ao diretor e aos demais agentes pedagógicos a possibilidade de dar respostas ao cidadão (aluno e responsável) a quem servem.
A autonomia coloca na escola a responsabilidade de prestar contas do que faz ou deixa de fazer, sem repassar para outro setor essa tarefa e, ao aproximar escola e família, é capaz de permitir uma participação realmente efetiva da comunidade, o que caracteriza como uma categoria eminentemente democrática.
Na Gestão democrática, a Equipe Diretiva não deve abrir mão da participação efetiva de toda a comunidade escolar, funcionários e professores desde o planejamento das ações da escola até a eleição de diretores (Dimensão Administrativa); na hora de decidir o que é mais importante para seus alunos e onde investir as verbas disponíveis (Dimensão Financeira); preocupa-se em estabelecer um bom relacionamento com a rede de ensino e buscar parcerias com outras instituições que venham a acrescentar a escola (Dimensão Relacional); no momento de construir ou rever o Projeto Político Pedagógico (Dimensão Pedagógica).
É importante salientar que atuar em conjunto exige de todos, o compromisso de estar condicionado a um permanente desejo de renovação, sendo assim, é crucial que todos os segmentos da escola revejam suas atribuições e que não as perca de vista, pois, se assim procederem, não correrão o risco de se acomodarem. Considerando esse novo perfil a ser construído, acredita-se que liderar não se restringe, tão somente, às ações meramente administrativas e burocráticas, ao contrário, a concepção que se tem a esse respeito é que a gestão que o novo milênio exige é aquela que atua em parceria com todos os segmentos que compreende a escola.
As relações humanas, embora complexas, são peças fundamentais na realização comportamental e profissional de um indivíduo. Desta forma, a análise dos relacionamentos entre professor/aluno envolve interesses e intenções, sendo esta interação o expoente das conseqüências, pois a educação é uma das fontes mais importantes do desenvolvimento comportamental e agregação de valores nos membros da espécie humana.
Neste sentido, a interação estabelecida caracteriza-se pela seleção de conteúdos, organização, sistematização didática para facilitar o aprendizado dos alunos e exposição onde o professor demonstrará seus conteúdos.
Segundo Gadotti (1999: 2), “o educador para pôr em prática o diálogo, não deve colocar-se na posição de detentor do saber, deve antes, colocar-se na posição de quem não sabe tudo”. Desta maneira, o aprender se torna mais interessante quando o aluno se sente competente pelas atitudes e métodos de motivação em sala de aula. O prazer pelo aprender não é uma atividade que surge espontaneamente nos alunos, pois, não é uma tarefa que cumprem com satisfação, sendo em alguns casos encarada como obrigação. Para que isto possa ser mais bem cultivado, o professor deve despertar a curiosidade dos alunos, acompanhando suas ações no desenvolver das atividades.
O professor não deve preocupar-se somente com o conhecimento através da absorção de informações, mas também pelo processo de construção da cidadania do aluno.  Apesar de tal, para que isto ocorra, é necessária à conscientização do professor de que seu papel é de facilitador de aprendizagem, aberto às novas experiências, procurando compreender, numa relação empática, também os sentimentos e os problemas de seus alunos e tentar levá-los à auto-realização.
O trabalho do professor em sala de aula, seu relacionamento com os alunos é expresso pela relação que ele tem com a sociedade e com cultura. Segundo FREIRE (1996: 96), “o bom professor é o que consegue, enquanto fala, trazer o aluno até a intimidade do movimento do seu pensamento”.
Apesar da importância da existência de afetividade, confiança, empatia e respeito entre professores e alunos para que se desenvolva a leitura, a escrita, a reflexão, a aprendizagem e a pesquisa autônoma; por outro, SIQUEIRA (2005: 01), afirma que os educadores não podem permitir que tais sentimentos interfiram no cumprimento ético de seu dever de professor. Assim, situações diferenciadas adotadas com um determinado aluno (como melhorar a nota deste, para que ele não fique para recuperação), apenas norteadas pelo fator amizade ou empatia, não deveriam fazer parte das atitudes de um “formador de opiniões”.
A aprendizagem não significa aprender porque alguém ensina, mas sim um processo de construção, reconstrução e de tomada de consciência do próprio desenvolvimento por parte do sujeito. Para Piaget (1983) o processo de conhecimento se constitui na ação. Assim, não é qualquer ação que leva os avanços no conhecimento, mas sim a ação significativa, que tem sentido para o sujeito, que o faz pensar sobre o que fez e sobre o próprio pensamento.
Logo, a relação entre professor e aluno depende, fundamentalmente, do clima estabelecido pelo professor, da relação empática com seus alunos, de sua capacidade de ouvir, refletir e discutir o nível de compreensão dos alunos e da criação das pontes entre o seu conhecimento e o deles. Indica também, que o professor, educador da era industrial com raras exceções, deve buscar educar para as mudanças, para a autonomia, para a liberdade possível numa abordagem global, trabalhando o lado positivo dos alunos e para a formação de um cidadão consciente de seus deveres e de suas responsabilidades sociais.
Por isso, uma escola de qualidade deve apresentar um alto índice de aprovação dos seus alunos e esses índices equiparam-se com as provas externas; possui um quadro de professores e demais profissionais qualificados e comprometidos; possui uma vasta biblioteca; seu espaço físico é limpo e agradável, possuindo ambiência pedagógica; os professores construíram e conhecem o Projeto Político da Escola e todo planejamento é efetuado com bases nas linhas gerais do mesmo. O quadro administrativo-pedagógico é atuante e presente.
Tão importante quanto o projeto pedagógico é a administração econômico-financeira. Por isso, saber administrar a escola é uma questão de sobrevivência. O gestor deve pensar na planilha de elaboração de custos antes de dar o primeiro passo, pois isso significa elaborar um planejamento com base na realidade de cada escola, garantindo eficiência e, conseqüentemente, lucro para que a instituição possa investir no seu próprio crescimento.
O gestor deve estar ciente de suas responsabilidades no que se trata do gerenciamento do quadro de pessoal no ambiente escolar, atendendo preceitos legais e pedagógicos referentes ao planejamento, execução de gestão de material e patrimônio da escola. Para tanto, deve analisar o trabalho pedagógico realizado na escola, atualização e enriquecimento do seu currículo, pela adoção de processos criativos e inovadores, implementação de medidas pedagógicas que levem em conta os resultados de avaliação dos alunos e a atuação dos professores articulada ao projeto pedagógico e às necessidades de melhoria do rendimento escolar.
 É preciso que o professor e gestor reflitam coletivamente sobre a seleção e caracterização de estratégias de avaliação diagnóstica dos alunos, com vistas a ações de planejamento para uma política educacional a favor do sucesso do mesmo.
 A função das instituições escolares vai muito além do ensino pedagógico. Formar cidadãos politizados, com poder de decisão e capazes de agir e interagir no meio em que vivem deve ser a missão das escolas comprometidas com a sociedade. Mas para que isso aconteça é necessária uma ação conjunta entre todas as partes interessadas.
                Além de tudo que já foi citado, os diretores escolares precisam aceitar e estar aptos para receber esse tipo de gestão, pois o envolvimento com a comunidade proporciona parcerias e resultados positivos para a administração escolar. Enquanto as pessoas desenvolvem trabalhos na escola tornam notória a valorização da educação, principalmente perante os alunos.
Para a educação ser valorizada é preciso prestar serviços públicos à população e à administração pública, mas para isso acontecer é necessário que os  profissionais de educação ou magistério servidores que exercem a docência, sejam conscientes das atividades de suportes pedagógicos e os demais trabalhadores que desenvolvem atividade-meio nas instituições de ensino sejam parceiros em prol de uma educação eficiente. Estes servidores possuem direitos e deveres assegurados por lei como recebimento de vencimento adequado, jornada de trabalho regulamentada entre outras, assim também como responsabilidades e penalidades.
É importante também uma constante avaliação de desempenho destes mesmos servidores, em especial ao magistério, a fim de aprofundar o conhecimento das potencialidades e limites, pessoalmente ou em grupo, e, assim, estabelecer metas e objetivos que orientem as demandas e iniciativas quanto à organização desses profissionais de educação. Porquanto, analisar o preparo e a competência do profissional para desempenhar suas funções, assim como identificar suas necessidades de desenvolvimento, é hoje, para o gestor, um dos pontos mais difíceis da gestão escolar.
Com isso, torna-se uma necessidade a qualificação profissional, seja ela inicial ou continuada, pois a mesma dimensiona a competência requerida para que a escola desenvolva um serviço de qualidade, sendo que, o gestor elabore um plano de formação em que articule na rotina da própria escola, espaços para que essa formação se realize. 


REFERÊNCIAS:

BASTOS, João Batista. Gestão Democrática. Rio de Janeiro: DP& A: SEPE, 1999.

BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria da Educação Fundamental. PCN - Parâmetros Curriculares Nacionais - 1 °e 2° ciclos, MEC/SEF, 1998.

BRASIL. Ministério da Educação. SEF. Recomendações para uma política pública de ensino. Brasília: MEC/SEF, 2001.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

MACHADO, M.A. M. PROGESTÃO: guia do tutor. Brasília, CONSED, 2001.

PCNEM, Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio/ Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica - Brasília: Ministério da Educação, 1999. 364 p.