segunda-feira, 28 de março de 2011

Concepções pedagógicas

A educação por muitos anos teve uma concepção tradicionalista que se apoiava exclusivamente em conteúdos e atividades, tendo um enfoque fragmentado, centrado na transmissão de conteúdos prontos, onde o professor era o único informante, com o papel de dar respostas certas e cobrar a sua memorização. Além disso, o aluno tinha que ser um sujeito dependente, que recebia passivamente o conteúdo transmitido pelo professor de forma compartimentada, onde o educador seguia uma sequência rígida com pouca flexibilidade, baseava-se fundamentalmente em problemas e atividades dos livros didáticos, o tempo e o espaço escolares eram organizados de forma rígida e estática, propondo receitas e modelos prontos, reforçando a repetição e o treino para o aluno devolver na prova do final da unidade os conteúdos trabalhados através de uma prova, que tinha como objetivo excluir os que menos sabiam e privilegiar os ditos “sabidos” da turma.
Com o passar dos anos vieram outras concepções tendo um enfoque globalizador, centrado na resolução de problemas significativos, onde o conhecimento passou a ser visto como instrumento para a compreensão da realidade e possível intervenção nela. Dessa forma, o professor intervém no processo de aprendizagem ao criar situações problematizadoras, introduzir novas informações e dar condições para que seus alunos avancem em seus esquemas de compreensão da realidade. O aluno é visto como sujeito ativo, que usa sua experiência e seu conhecimento para resolver problemas. Há flexibilidade no uso do tempo e do espaço escolares, propõe atividades abertas, permitindo que os alunos estabeleçam suas próprias estratégias e avalia as habilidades desenvolvidas de maneira contínua utilizando uma avaliação mediadora e formativa.
Temos como alguns exemplos dessa nova concepção o construtivismo que define a aprendizagem como um processo de troca mútua entre o meio e o indivíduo, tendo o outro como mediador. O aluno é um elemento ativo que age e constrói sua aprendizagem. Cabe ao professor instigar o sujeito, desafiando, mobilizando, questionando e utilizando os “erros” de forma construtiva, garantindo assim uma reelaboração das hipóteses levantadas, favorecendo a construção do conhecimento. Nesta concepção o aluno não é apenas alguém que aprende, mas sim o que vivencia os dois processos, sendo ao mesmo tempo ensinante e aprendente participando ativamente do próprio aprendizado, como afirma Piaget, através da assimilação e acomodação despertando o senso de autonomia e participação. A avaliação contínua avalia o aluno pelo seu desempenho rotineiro em classe. Apesar de esta teoria ser interessante, estudiosos critica a tese individualista sustentada pelo construtivismo radical, que imputa ao nível do privado, do subjetivo, a aquisição das asserções do conhecimento que se mostrou insuficiente em dar conta da complexidade das relações envolvidas no processo de ensino-aprendizagem. Dentro dessa visão, o aprendiz é, num sentido cognitivo, um ser solitário e o professor é visto, praticamente, como somente um provedor e um organizador dos meios necessários ao desenvolvimento do aprendiz.
A teoria Sócio-construtivista afirma que todo aprendizado é necessariamente mediado por meio da relação aluno-professor e aluno-aluno que se produz conhecimento não se subordinando ao desenvolvimento das estruturas intelectuais da criança, sendo que o ensino deve se antecipar ao que o aluno ainda não sabe nem é capaz de aprender sozinho. A “zona de desenvolvimento proximal”, Segundo Vygotsky, é a distância entre o desenvolvimento real da criança e aquilo que ela tem potencial de aprender, ou entre "o ser e o tornar-se" ajuda o professor ensinar aos alunos aquilo que eles ainda não sabem atuando como mediador entre o aluno, os conhecimentos que este pos¬sui e o mundo.
A Abordagem Sócio-cultural segundo Paulo Freire, não existe uma educação neutra. Toda a educação é, em si, política e está voltada para a educação popular para a alfabetização e a conscientização política de jovens e adultos operários. A mesma tem uma prática pedagógica voltada para a criticidade do aluno, onde o sujeito da criação cultural não é individual, mas coletivo. Trabalha com palavras geradoras (articuladoras do pensamento crítico) e a pedagogia da pergunta. É um Método que não pretende tornar o aprendizado mais acessível, mas visa habilitar o aluno a “ler o mundo”. O Educador se inteira daquilo que o aluno conhece, explora as questões relativas e busca caminhos de transformação, para superar os impasses.
Em fim, na atualidade as concepções pedagógicas facilitam mais o desenvolvimento de habilidades através de várias informações que os alunos adquirem através de livros, jornais e, especialmente, da internet e isso faz com que muitas crianças chegam a escola sabendo mais sobre alguns conteúdos do que o professor, pois aprender não é reter informações, mas saber operar mentalmente com elas.

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