“Sonhar não é apenas um ato político
necessário, mas também uma conotação da forma histórico-social de estar sendo
de mulheres e homens. Faz parte da natureza humana que, dentro da história, se
acha em permanente processo de tornar-se... Não há mudança sem sonho como não
há sonho sem esperança...
A compreensão da história como possibilidade e não determinismo seria ininteligível sem o sonho, assim como a concepção determinista se sente incompatível com ele e, por isso, o nega”. Paulo Freire
A compreensão da história como possibilidade e não determinismo seria ininteligível sem o sonho, assim como a concepção determinista se sente incompatível com ele e, por isso, o nega”. Paulo Freire
Eu, Edney Souza de
Oliveira, declaro que sou uma educadora sonhadora, pois sempre sonhei em vê uma
educação feita com responsabilidade, compromisso e amor. Não sonhei por sonhar,
mas sempre lutei para tornar meus sonhos realidade. Nesse momento abro o meu
coração para falar sobre um dos meus sonhos que sustentou a minha paixão pela a
área da educação desde mil novecentos e oitenta e oito, até os dias atuais.
Ainda sem concluir o
magistério tive a oportunidade de lecionar em turmas multisseriadas, classes
essas que tinha como foco principal ensinar a ler e escrever. Foi um grande
desafio, trabalhei com o método tradicional, porém sentia que era preciso
mudanças na minha prática para alcançar os meus objetivos, tomei vários cursos
de formação, trabalhei com o construtivismo e pude perceber que podia juntar os
dois métodos, ou seja, o tradicional e o construtivismo e ajudar meus alunos
serem alfabetizados.
Vale frisar que não
tinha uma auxiliar de classe e trabalhava com trinta e cinco alunos com níveis
de escrita diferentes. Entretanto, isso não mim deixava desanimada, ao
contrário esse fator mim dava forças para pesquisar e procurar novos caminhos
que ajudasse aquelas crianças que tanto dependiam do meu fazer pedagógico para
serem alfabetizadas.
O tempo passou e eu,
inquieta fui à busca de novas estratégias que facilitasse a aprendizagem dos
meus queridos discentes, pois eles aprendiam, eram alfabetizados e conseguiam
passar de ano, pouquíssimos alunos eram reprovados, porém a luta era constante
e persistente.
Buscando esse novo olhar pedagógico, eu
consegui ter a oportunidade de estudar O Letramento defendido pela pesquisadora
Magda Soares. Diante desses estudos foi possível entender melhor sobre o
processo de alfabetizar e letrar e que segundo a autora, a alfabetização tem
natureza complexa e várias “facetas”: psicológica, psicolingüística,
sociolingüística e lingüística.
Ansiosa por saber
mais sobre o processo ensino-aprendizagem fiz o curso de Pedagogia que abriu
vários leques que foram aprimorando meus conhecimentos ajudando-me a entender melhor
o fazer pedagógico.
Sempre soube que
existe uma “câmara” que nos filma a cada instante, e o meu sonho e esforço de
vê um ensino de qualidade deu-me a oportunidade de ser Coordenadora Pedagógica.
Entre as coordenações que trabalhei fui premiada com a de Alfabetização. Então
meus sonhos começaram a se expandir e se multiplicarem. Participei de três
programas de alfabetização entre eles Pacto pela Educação e é sobre O pacto que
irei falar a partir desse momento.
No ano de dois mil e onze, a Secretaria
Municipal do meu município ( Valente – BA) aderiu ao Programa Pacto pela
Educação, que trouxe como proposta garantir a alfabetização com letramento a
todas as crianças no ciclo inicial dos três primeiros anos do ensino
fundamental. Com esse objetivo, foi apresentada uma Proposta Didática para
Alfabetizar Letrando que tinha dado certo em Ceará, segundo a professora Amália
Simonetti, e que a partir daquele
momento era um desafio da Bahia, de Valente refletir, estudar, criticar e
colocar em prática com o intuito de alfabetizar as crianças até os oito anos de idade.
Quando a Proposta
chegou à Secretaria de Educação eu fiquei um meio que receosa, pois já
trabalhávamos um Proposta Pedagógica que vinha dando certo e, além disso, já
estávamos encerrando a II unidade. Mas
como já disse nesse meu relato, sempre fui à busca de uma nova aprendizagem e
então resolvi estudar a Proposta Didática do programa. Confesso que fiquei
feliz porque era bem parecida com a que já utilizávamos no município.
A proposta trabalha com a Linguística
abraçando várias áreas como: fonética, fonologia, morfologia, sintaxe,
semântica, análise do discurso, pragmática, sociolingüística e psicolingüística
que contribuem significativamente no desenvolvimento da leitura e da escrita.
Depois de dias de
estudo da Proposta Didática para Alfabetizar Letrando, foi feita uma reunião
com os diretores, alfabetizadores e coordenadores pedagógicos para falar sobre
a adesão do município à Proposta. Eles questionaram muito sobre trabalhar com o
Programa já no meio do ano. Depois de várias discussões os alfabetizadores
decidiram que participariam do Pacto.
Nos dias seis e sete
de setembro de dois mil e onze, aconteceu a 1ª formação do Programa Pacto pela
Educação tendo como público-alvo os Professores, Coordenadores Pedagógicos e
Gestores tendo como
objetivos:
Orientar os professores quanto à organização didática do material e a sua
utilização; Vivenciar rotina didática; Elaborar o planejamento das atividades
alfabetizadoras de acordo a proposta pedagógica e para alcançar as nossas metas foram
desenvolvidas atividades como: Entrega
do Kit da proposta ao professor (cadernos de atividades do aluno, Proposta
didática Alfabetizar Letrando, Livro Parece... mas não é); Construção da
ficha do nome de cada formador; fixação das fichas na carteira; reflexão dos
Pressupostos teóricos -metodológicos da Proposta para Alfabetizar
Letrando; discussão dos tempos didáticos da proposta, conceituando-os
e destacando e análise do Quadro Didático -1ª etapa -1º mês.Todas as atividades foram realizadas com êxito,
pois os educadores participaram ativamente de todas as ações e essa interação
proporcionou a troca de experiências e o aprimoramento da aprendizagem.
Informados
sobre a Proposta Didática os professores foram aplicá-la na sala de aula e
surgiu o primeiro entrave. Não chegou ao município Kits suficiente para todas
as turmas, eu preocupada em começar algumas turmas e outras não, sugerir ao
secretário de educação que a Secretaria de Educação se responsabilizasse em
disponibilizar Xerox dos materiais para as escolas que ficaram sem os mesmos.
Ele aceitou e por vários dias os materiais foram xerocados e imprimidos, porém
os alfabetizadores que não tinham os KITs não gostavam, mas com paciência e
persistência os materiais chegaram e esse entrave foi resolvido.
Vale
lembrar que para assegurar que os Tempos da Proposta fossem seguidos e bem
desenvolvidos quinzenalmente acontecia na Secretaria de Educação no turno
oposto o da sala de aula o planejamento de cada plano que seria trabalhado
durante a quinzena. Nesses momentos os professores sentavam em volta de uma
grande mesa para trocarem experiências, contarem o que deu certo ou não, e
juntos elaborarem os planos que iam ser trabalhados durante quinze dias. Eu
participava desses momentos dando sugestões e acompanhando todo o processo do
planejamento.
A
cada encontro para o planejamento eu percebia que os alfabetizadores estavam
mais encantados pelo Programa e que alfabetizar letrando tinha ficado ainda
mais fascinante para eles. Então eu parava e pensava nos anos que eu
alfabetizava e sonhava com uma alfabetização organizada, rotina didática com
objetivos claros e possíveis de ser alcançados e enchia-me de satisfação.
Para
averiguar a intensidade do fazer pedagógico visitei todas as salas durante a 1ª
etapa mais de uma vez e verifiquei o desempenho dos professores e dos alunos,
suas dificuldades e necessidades e ajudei a cada uma dentro das possibilidades.
O
ano de dois mil e onze terminou, e para concluir o meu trabalho com o Pacto
pela educação fui visitar todas as turmas e participar do Conselho de Classe.
Nossa como fiquei feliz, 85% dos alunos estavam na fase alfabética e esse
resultado era uma vitória para os alfabetizadores e de certa maneira para mim
que tanto lutei e sonhei com os professores por esse resultado.
Chegou
o ano de dois mil e doze, novamente fui ser a formadora do Pacto pela Educação
e muitas coisas aconteceram e com satisfação descrevo esses acontecimentos a
partir de agora.
Primeiro
começou a minha preocupação com os alfabetizadores que mudaram de turmas, com
educadores que não conheciam o programa e com a formação de professores que já
tinham feito a 1ª etapa e outros que ainda iam iniciar.
Comecei
a planejar o que fazer e como fazer, pois estava como formadora sozinha com
trinta e cinco turmas, professores na 1ª etapa e outros na 2ª etapa, vinte e
duas escolas em povoados diferentes e sede. Depois de um plano de ação bem
estruturado comecei a executar cada ação com metas estabelecidas e datas
marcadas para desenvolver cada ação.
Resolvi
que faria momentos da formação com todos os professores juntos e em um período
da capacitação dividiria a turma. Essa estratégia deu certo, porque tive como
colaboradora a coordenadora do programa Simênia que mim ajudou durante algumas
atividades.
Nos
dias dezenove e vinte de julho foi realizada a 2ª formação que teve como
objetivos apresentar o
resultado da avaliação do encontro da formação anterior para reflexão e fortalecimento da cultura avaliativa;
Compreender a proposta didática
alfabetizar letrando 2ª etapa – 1º mês; Vivenciar o planejamento das atividades
alfabetizadoras de acordo com a proposta didática; Orientar os professores
alfabetizadores para elaboração do planejamento de aula de acordo com a etapa
trabalhada na proposta. Além disso, foi também discutido os tempos
do Programa, a psicogênese da escrita e as atividades alimentadoras.
Todos os trabalhos e as discussões da
2ª formação ocorreram sem
problemas e nenhum aspecto comprometeu a formação. Porém houve discursos por
parte de alguns alfabetizadores que fizeram com que eu pensasse sobre o trabalho que
estava sendo realizado na
sala de aula do 1º ano, surgindo à necessidade de aperfeiçoamento, principalmente
no momento Escrevendo do Seu Jeito,
para suprir as necessidades dos alunos do 1º ano que ainda não reconhecem o
alfabeto nem sabem fazer seus próprios nomes. Para tentar amenizar
esse problema, durante os planejamentos que eram realizados nas quinzenas foi
estudado textos que ajudaram os alfabetizadores a procurarem estratégias que
favorecessem o avanço
cognitivo desses alunos levando em consideração a Proposta Pedagógica do Pacto.
Durante as visitas
nas escolas pude perceber que as estratégias discutidas e realizadas nas salas
de aulas estavam dando resultados, entretanto surgiu um novo problema. Os
professores do 2º ano que estavam terminando a 2ª etapa começaram a dizer que o
programa que eu coordenava anteriormente e que eles participavam era mais
adequado para o 2º ano do que o Pacto. Não por causa da metodologia, pois era
bastante parecida, mas o livro didático deixava a desejar. Então fui estudar um
maneira de ajudar os alfabetizadores a ficarem satisfeitos e desenvolverem o
programa com entusiasmo e dedicação. Juntamente com os educadores mudamos os
trabalhos que eram realizados na segunda-feira e na sexta-feira. A mudança foi à
seguinte: os docentes usaram os Tempos do programa, as tabelas, jogos e
trava-línguas mais também aplicavam as atividades do livro didático enviado
pelo FNDE. Dessa forma, o professor não fugiu da metodologia do Pacto e
complementou as atividades trabalhadas na sala de aula.
No dia dezenove de
setembro de dois mil e doze, realizamos a 3ª formação tendo como objetivos: Revisar
os aspectos teórico-metodológicos da proposta, Planejar atividades da 3ª etapa
/1º mês, Discutir a Proposta pedagógica voltada para as atividades
estruturantes. Durante a discussão da Proposta
Pedagógica houve muita troca de experiência e foi notável o entendimento de
todos os professores no que diz respeito à mesma. Os conteúdos trabalhados
foram significativos, pois esclareceu algumas dúvidas dos alfabetizadores como,
por exemplo, onde localizar no livro do aluno atividades estruturantes e como
desenvolvê-las para que os objetivos fossem alcançados.
A formação da a 4ª etapa foi realizada no dia vinte e três de
setembro foi trabalhado o texto Saber a Teoria para Ensinar Bem, feita
perguntas mobilizadoras como: O
que é uma reescrita? A reescrita ajuda os alunos a mudarem de um nível para
outro? Qual a importância de trabalhar a reescrita com as crianças de 1º ano?
Em seguida assistiram ao vídeo ditado para escriba, depois foi distribuído o texto Reescrita um caminho para produção
autônoma de textos. Após a leitura apresentar o filme Reescrito no percurso de
autoria, foi feito um trabalho com fábula e conto. Todas as atividades da
agenda foram realizadas com êxito, pois os educadores participaram ativamente
de todas as ações e essa interação proporcionou a troca de experiências e o
aprimoramento da aprendizagem. Em todos os encontros as metas foram
alcançadas, os conteúdos trabalhados foram debatidos entra a equipe com êxito,
às trocas de experiências aprimoraram os conhecimentos dos alfabetizadores e da
formadora servindo de subsídios para a melhoria da prática pedagógica na sala
de aula.
Uma das coisas que
aconteceu durante o trabalho realizado com o Programa Pacto pela Educação e que
mim chamou atenção foi o entrosamento entre os alfabetizadores e a preocupação
dos mesmos em ter certeza que estavam seguindo as orientações das Formações e
dos Planejamentos na sua prática na sala de aula. E o acompanhamento que eu fiz
as escolas foi um ponto chave para dar-lhes essa segurança, pois pude
orientá-los e ajudá-los no que foi necessário.
Preciso agradecer de
coração as Formadoras Estaduais, Maurinha, Vana e Glaucia pelas formações que
fizeram para todos os formadores municipais dando suporte e tirando as nossas
dúvidas em relação aos conteúdos trabalhados nas formações nos municípios.
Dizer que a troca de experiências entre formadores estaduais e municipais foi
importante para o meu crescimento como educadora e principalmente como
professora alfabetizadora.
Não posso deixar de
falar do AVA ambiente esse que mim deu muito trabalho, pois já tinha postado
todas as atividades da 1ª etapa no ano de dois mil e onze e precisei postar
novamente todas as atividades em dois mil e doze. Além disso responder as
atividades desse ambiente foi corrido, pois não tinha tempo, já que trabalha
com trinta e cinco turmas, vinte e duas escolas e além de formadora do Pacto
era Coordenadora Pedagógica dando suporte de todas as disciplinas.
Enfim, posso afirmar
que foi prazeroso e significativo participar do Pacto durante esse ano e meio.
Pude vê meu sonho sonhado por várias pessoas e se tornar realidade em várias
escolas. Estou feliz por ter tido essa oportunidade e agradeço a Deus e a todos
que mim proporcionaram realizar esse sonho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário