terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Alguns cuidados que os educadores devem ter com o Ensino Fundamental de Nove Anos

Ensino Fundamental de nove anos

Para a educadora Regina de Assis, especialista em Educação Infantil, a ampliação do Ensino Fundamental é boa, mas é preciso tomar alguns cuidados.
Aos seis anos de idade, a criança ainda aprende por meio de brincadeiras, de forma lúdica, e não deve ser inserida numa dinâmica de Ensino Fundamental sem que isso seja levado em conta.
A educadora explica que essa fase é favorável ao desenvolvimento cognitivo, em que a criança passa a ter mais facilidade para lidar com a linguagem, a escrita, a leitura e a interpretação. Ela também começa a entender os mecanismos das quatro operações matemáticas, além de levantar inúmeras hipóteses para a construção de seu conhecimento de mundo. Essa é uma fase em que a criança começa a se dar conta de como e do quanto aprende.
No entanto, não podemos deixar de considerar que apesar de um enorme potencial para aprender, investigar e defender suas idéias, a criança aos seis anos ainda quer brincar.
Não se pode pensar que acabou o tempo da brincadeira e começou o da seriedade. A criança dessa faixa etária está com uma condição psicolinguística muito favorável, está num momento de desenvolvimento e amadurecimento ideal para absorver novos conhecimentos de uma forma lúdica. "Para isso, é necessário que os gestores do ensino brasileiro sejam inteligentes. Deve-se dar às crianças o tempo necessário para elas constituírem de fato os conhecimentos necessários. Não se deve acelerar o que não deve ser acelerado", afirma à educadora.
Regina, que foi relatora das Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil, acredita que o processo de alfabetização pode ser estendido pelos dois primeiros anos de Ensino Fundamental. Mas, durante esse período, os professores devem estimular as crianças com atividades distintas de leitura, cálculo e escrita, além de trabalhar com linguagem da mídia.
Devemos considerar que as crianças chegam à escola com muitos conhecimentos já adquiridos e, por esse motivo, precisamos estimular práticas não apenas de alfabetização. Nossa preocupação deve ser a de inserir a criança na escola sem desconsiderar as vivências que ela já teve fora da escola.
Jeanete Beauchamp, diretora de Políticas de Educação Infantil e Ensino Fundamental da Secretaria de Educação Básica (SEB/MEC), compartilha essa visão interdisciplinar. "É importante trabalhar com as diversas expressões da criança, como o desenho a música e o corpo. É um período importante para a alfabetização, mas não exclusivamente à alfabetização".
Com a inclusão de mais um ano, a idéia do MEC é aumentar o tempo na escola, dando à criança mais oportunidades de aprendizagem e respeitando o seu desenvolvimento.
A organização curricular do 1º ano do Ensino Fundamental deve contemplar uma aprendizagem integrada, além de adequar as exigências e estabelecer objetivos até o final de um determinado período. É justamente, por isso, que as orientações do MEC e dos educadores envolvidos nessa mudança insistem numa revisão e rearticulação curricular do 1º ao 5º ano. É preciso ter clareza dos conteúdos mínimos que a criança precisa atingir ao final de cada ano, mas é preciso ter ainda maior clareza dos objetivos que esse aluno precisa atingir até o final do 5º ano.
Por isso, pensar em ciclos faz muito mais sentido. Não podemos pensar que o 1º ano é o “antigo último ano da Educação Infantil” – o pré-primário – em que as crianças não precisam ter tanta preocupação em sistematizar algumas aprendizagens, e nem pensar que devemos agir e exigir o mesmo conteúdo da antiga 1ª série.
Nesse sentido, a avaliação de como a criança aprende e do que aprende deve ser realizada a partir de um "processo de observação, de registro e de reflexão constante do processo de ensino-aprendizagem". Precisamos estar sempre atentos à evolução de cada um de nossos alunos, para proporcionar atividades que contribuam com o avanço de cada um deles.


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