As Diretrizes Curriculares para as crianças de 6 anos de idade
As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil fornecem elementos importantes para a revisão da Proposta Pedagógica do Ensino Fundamental, que agora incorpora as crianças de 6 anos de idade:
• As propostas pedagógicas para essa faixa etária devem considerar os aspectos físicos, emocionais, afetivos, cognitivo-lingüísticos e sociais da criança, entendendo que ela é um ser total, completo e indivisível.
• Devem, também, buscar a integração entre diversas áreas do conhecimento e aspectos da vida cidadã como conteúdos básicos para a constituição de conhecimentos e valores.
• As estratégias pedagógicas devem evitar a monotonia, o exagero de atividades “acadêmicas” ou de disciplinamento estéril.
• As múltiplas formas de diálogo e interação são o eixo de todo o trabalho pedagógico.
Assim, o papel do professor é o de “provocar”, brincar, rir, apoiar, acolher, estabelecer limites, observar, estimular e desafiar a curiosidade e a criatividade.
É sua função envolver-se com cada aluno, reconhecendo suas conquistas individuais e as coletivas, sobretudo as que promovam a autonomia, a responsabilidade e a solidariedade.
• Cabe à escola e aos professores elaborar uma proposta pedagógica que contemple a organização do espaço e do tempo na escola, os materiais necessários e as parcerias com a família de cada criança.
Quem é a criança de 6 anos?
A experiência prática e as pesquisas nos permitem destacar algumas características marcantes dessa criança. Imaginativa e curiosa, ela busca conhecer o mundo por meio de brincadeiras. Tem capacidade de simbolizar e compreender o mundo que a cerca, estruturando o pensamento e fazendo uso de múltiplas linguagens – o que facilita a participação em jogos que envolvam regras e, por meio deles, a apropriação de conhecimentos, valores e práticas sociais válidos na nossa cultura. Essa é uma fase crucial na vida da criança, em que ela constrói sua autonomia e identidade.
As crianças de 6 anos e as implicações para o trabalho pedagógico
É necessário assegurar que a transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental ocorra da forma mais natural possível, não provocando nas crianças rupturas e impactos negativos no seu processo de escolarização. Assim, as escolas organizadas pela estrutura seriada não devem transformar esse novo ano em mais uma série com as características e a natureza da primeira série tradicional.
O currículo para o primeiro ano deve ser organizado em três grandes áreas:
• Ciências Sociais e Ciências Naturais
• Noções Lógico-Matemáticas
• Linguagens
Ciências Sociais e Ciências Naturais (História, Geografia e Ciências)
Ciências Sociais
Trabalhar com os conhecimentos das Ciências Sociais nessa etapa de ensino significa lidar especialmente com o desenvolvimento da reflexão crítica sobre os grupos humanos, suas relações, suas histórias, suas formas de se organizar, de resolver problemas e de viver em diferentes épocas e locais. A família, a escola, a religião, o entorno social (bairro, comunidade, povoado), o
campo, a cidade, o país e o mundo são esferas da vida humana que as atividades devem considerar os aspectos físicos, afetivos, cognitivo-lingüísticos e sociais da criança. É também objetivo do trabalho na área de Ciências Sociais estimular e ajudar a criança a pensar e a desenvolver atitudes de observação, de estudo e de comparação das paisagens, do lugar onde habita, das relações entre o homem, o espaço e a natureza. Ela deve conhecer como a ação humana transforma o planeta e, conseqüentemente, interfere na forma e na qualidade de vida das pessoas. A finalidade última desse trabalho é levar a criança a investigar e analisar a realidade e intervir sobre ela, reconhecendo-se como parte integrante da natureza e da cultura. Para isso, as atividades pedagógicas devem induzir a criança a identificar diferenças e semelhanças entre as histórias de seus colegas, de outras pessoas e de outros grupos sociais.
Ciências Naturais
Na área das Ciências Naturais, o objetivo é ampliar a curiosidade da criança, incentivá-la a levantar hipóteses e a construir conhecimentos sobre os fenômenos físicos e químicos, sobre os seres vivos e sobre a relação entre o homem e a natureza e entre o homem e as tecnologias.
As atividades didáticas devem desafiar a criança a simular situações, prever resultados, elaborar hipóteses, refletir sobre o cotidiano. Ela deve se posicionar
como parte da natureza e membro da espécie humana – uma dentre tantas outras que habitam o planeta –, estabelecendo as mais diversas relações e percebendo o significado dos saberes dessa área com suas ações do dia-a-dia.
Noções lógico-matemáticas (Matemática)
A estratégia envolve atividades que encorajem a criança a identificar semelhanças e diferenças entre elementos diversos, classificando-os, ordenando-os e seriando-os; que a estimulem a fazer correspondências e agrupamentos e a comparar conjuntos; que a incentivem a pensar sobre números e quantidades, lidando com objetos que lhe são significativos, operando com quantidades e registrando as situações-problema – inicialmente de forma espontânea e, posteriormente, usando a linguagem matemática. As atividades devem ser acompanhadas de jogos e de situações-problema que promovam a troca de idéias entre os alunos.
Linguagens (Língua Portuguesa e Artes)
A criança, desde bem pequena, tem infinitas possibilidades de desenvolver a sensibilidade e a capacidade de expressão. Um dos grandes objetivos do currículo na área das Linguagens é a educação estética – sensibilizar o aluno de modo a que ele aprecie uma pintura, uma escultura, tenha prazer em assistir a um filme e ouvir uma música. A criança dos anos iniciais deve participar de atividades em que possa ver, reconhecer, sentir e experimentar as diversas manifestações da arte, usando a imaginação e atuando sobre elas.
As atividades devem incluir a produção e a recepção de textos orais e escritos. A rotina em sala de aula deve contemplar a leitura de histórias e obras literárias
e a produção de textos com a ajuda de parceiros mais experientes. A leitura e a escrita espontânea de textos, mesmo sem o domínio das convenções da escrita, bem como a participação em jogos e brincadeiras com a linguagem, devem fazer parte da rotina em sala de aula. A meta é encorajar a criança a pensar, a discutir, a conversar e, especialmente, a raciocinar sobre a escrita alfabética, pois um dos principais objetivos do trabalho é assegurar ao aluno
o conhecimento sobre a natureza e o funcionamento do sistema de escrita, a compreensão e a apropriação dos usos e das convenções da linguagem escrita.
CORSINO, Patrícia. “As crianças de seis anos e as áreas do conhecimento”, in BRASIL. Ministério da Educação. Ensino Fundamental de nove anos: orientações para a inclusão da criança de seis anos de idade. FNDE, Estação Gráfica, Brasília, 2006, pp. 59-61.
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